segunda-feira, 7 de junho de 2010

Hidrelétrica de Belo Monte: Um Dilema Nacional

Um projeto de três décadas está agora em evidência no Brasil, a quase seis meses das eleições presidenciais, a usina hidrelétrica de Belo Monte, de repente se tornou uma prioridade para o governo. Tem que ser construída com urgência, dizem o presidente e o ministro de Minas e Energia. É um erro, afirmam um número consideravel de ONGs e lideranças indígenas.

Determinar quem está certo e quem está errado neste dilema não é uma tarefa fácil. O Brasil passou por uma grave crise energética no inicio do século 21, e não a duvidas que o país precise melhorar sua capacidade de geração de energia para sustentar seu crescimento. No entanto, pouco tem sido feito para provar que Belo Monte é a solução mais eficaz para o problema.

Inicialmente prevista para 1975, a construção da hidrelétrica é tão polêmica que nem mesmo o regime militar que governou o Brasil até 1986, se atreveu a levá-lo adiante. Há tantas perguntas sobre as conseqüências de seu desenvolvimento econômico, social, político e ambiental que nem a maioria dos fornecedores estavam dispostos a assumir o risco e, conseqüentemente, apenas dois grupos (um deles um consórcio de última hora) manteve o seu interesse no leilão para a construção da usina, que aconteceu no dia 20 de abril e teve como ganhador o consorcio Norte Energia. Neste cenário de incertezas, torna-se difícil compreender a urgência do governo em construir a usina.

No Brasil, a maior parte da eletricidade é gerada por usinas hidrelétricas, colocando a nossa matriz energética, em uma posição privilegiada quando comparado a outros países, muitos dos quais estão lutando para deslocar-se de modelos baseados em centrais térmicas e outras tecnologias de alto impacto para fontes mais limpas.
Antes de construir uma das maiores represas do mundo no meio da floresta amazônica, uma série de perguntas deve ser respondida:

• Qual será o impacto sobre as populações indígenas que vivem na região?
• Qual será o impacto sobre a biodiversidade, talvez o recurso mais valioso que o ecossistema local tem para oferecer?
• Quais são os custos indiretos da energia gerada ali, como as estradas que terão de ser construídas no interior da floresta, a reparação do dano ambiental, a mudança necessária da população, e uma variedade de problemas de saúde que podem surgir?
• Quais são os custos de transmissão que a energia terá para onde ela vai ser consumida?
• Porque é que o potencial de pico de 11k MW foram comunicados à população, quando os especialistas dizem que, devido às características do rio Xingu, a produção média mal alcançara 4k MW durante três meses e não mais de 1k MW durante o resto do ano ?

Só quando tivemos respostas adequadas para estas e outras perguntas, seremos capazes de escolher o que é melhor para o Brasil, sua sociedade e ao meio ambiente, não só para o momento presente, mas, sobretudo, para o futuro.

Por: Janaina Haila Lima Cruz da Silva

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