domingo, 6 de junho de 2010

14 anos e 1 livro

Por Denilson d'Almeida

O maior conflito entre trabalhadores rurais e policiais militares completou 14 anos no último dia 16, o massacre de Eldorado dos Carajás como ficou conhecido ainda é um crime considerado impune e os acusados estão em liberdade. A situação dos sobreviventes do massacre é contada no livro escrito pelo advogado do MST, Walmir Brelaz.

Impressionado com a violação dos direitos humanos o advogado de defesa do Movimento dos Sem Terra, Walmir Brelaz, chama a atenção da sociedade para a falta de compromisso do poder público ao não garantir a cidadania dos trabalhadores rurais. Em seu livro Os sobreviventes do massacre de Eldorado dos Carajás, o advogado conta a situação em que vivem os trabalhadores: sem acesso a direitos básicos garantidos pela Constituição. "Era mostrar o caso de Eldorado dos Carajás como o caso do princípio da violação da dignidade humana, mostrar que na legislação todos nós temos direito a saúde, a educação, a segurança dado principalmente pelo Estado. E direito as terras também", explica o advogado.

O massacre aconteceu em 16 de abril de 1996 na Rodovia PA-150, em Eldorado dos Carajás. Todos os 155 policiais militares acusados do crime foram a julgamento, mas apenas 2 foram condenados. O jogo político e a lentidão da justiça são fatores que interferem na judicialização do processo. De acordo com Brelaz, a ação só teve êxito quando o MST pressionou a justiça. "Eles ficaram 20 dias na frente do Palácio dos despachos, na chuva e no sol porque a própria polícia não deixava eles armarem tendas... e feridos!"conta ele.

Por meio do livro, Walmir Brelaz tenta acabar com a imagem negativa construída em torno dos Sem terra e espera que a Justiça do Pará reveja a impunidade diante de um crime que ele considera brutal. "A maioria, por exemplo, considera os sem terra como bandidos, como pessoas que vieram de fora e os policiais estavam ali para se defender. Essa imagem, essa ideologia, foi levada para os tribunais, tanto que dos 155 policiais apenas 2 foram condenados. Quer dizer que o maior massacre do Brasil contemporâneo e todos os 155 estão em liberdade", desfecha o advogado.

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