domingo, 30 de maio de 2010

Belo Monte de sonhos e pesadelos

Mamede Alves tem 19 de anos de idade e há dois mora em Belém, veio de Altamira, sudoeste do Pará, para cursar universidade. Assim como ele, dezenas de seus conterrâneos esperam pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte – acreditam que o empreendimento trará desenvolvimento para a cidade. Segundo, Mamede Altamira com aproximadamente 100 mil habitantes não cresce há anos e o que sustenta a economia da cidade é a pecuária, o comércio contribui, mas não o suficiente. “Se alguma loja de fora tentar entrar em Altamira não sobrevive. Só se mantém as que estão lá mesmo”, acrescenta Mamede.
Outra esperança do universitário é que com a construção da Usina de Belo Monte a Rodovia Transamazônica seja finalmente asfaltada, pelo menos um trecho considerável dela, mas este não seria apenas o sonho dos habitantes de Altamira e sim de vários municípios que não se restringem apenas ao território paraense. A pavimentação da Transamazônica facilitaria o escoamento da produção e permitiria a instalação de indústrias em cidades construídas ao longo da rodovia. Até aí um lado positivo do que se espera de Belo Monte.
As obras de construção da UBM ainda não começaram, mas a Região de Integração do Xingu onde a hidrelétrica será construída já começa a receber imigrantes de vários lugares do país. Fato que preocupa outros moradores que dizem estar preocupados com a quantidade de pessoas que podem migrar para a região em busca de melhorar de vida, é a procura de oportunidades de trabalho. Se Altamira é uma cidade que parou no tempo, não se desenvolve economicamente e socialmente não tem estrutura para receber um excesso de contingente que com o fim das obras de construção da Usina não terão mais onde trabalhar. O resultado disso parece ser um pouco óbvio, os índices de criminalidade irão aumentar e por consequência disto outros problemas sociais deverão surgir.
Outro grave problema se refere ao meio ambiente, dentre eles hidrografia. O Relatório de Impactos Ambientais (RIMA) aponta que dos 100 mil habitantes de Altamira, 20 mil serão obrigados a deixarem suas casas, pois serão afetadas pela Usina. Quando o lago da Usina for feito o número de desabrigados será maior, isto sem falar que a população total de Altamira não será mais de 100 mil habitantes.
O fato é que a Usina de Belo Monte é o sonho para muitos e o pesadelo para outros. O sonho de que o empreendimento trará progresso para a região. O pesadelo de que trará desgraças para a população, principalmente indígenas e ribeirinhos que terão que se deslocar de suas casas devido a construção do Lago.
Isto sem deixar de ressaltar que tudo o que será produzido pela terceira maior hidrelétrica do mundo não ficará no Pará, os impostos não serão revestidos em desenvolvimento para moradores de Altamira e municípios vizinhos, mas eles terão que pagar pela energia que é gerada na Região em que eles vivem.

Usina Hidrelétrica de Belo Monte
O projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte foi criado na década de 1970, durante a ditadura militar, e sempre foi pauta de discussões e protestos de lideranças religiosas, indígenas, ambientalistas e demais movimentos sociais. Tanto que o projeto foi engavetado e remodelado, em 1994, durante o governo FHC, onde foi previsto uma redução da área represada para evitar a inundação de terras pertencentes aos índios, mas ainda não foi desta vez que saíra do papel.
Em fevereiro deste o ano, o Ibama concede a licença prévia para a construção da usina impondo 40 condições referente as especificidades ambientais e socioeconômicas. No dia 20 de abril o Consórcio Norte energia, tendo a construtora Queiroz Galvão a frente, ganha o leilão que escolhe que empresa será a responsável pela construção da usina.
A UBM será a terceira maior hidrelétrica do mundo em capacidade instalada, fica atrás apenas de Três Gargantas (China) e Itaipu (binacional, Brasil e Paraguai). Belo Monte terá a capacidade total instalada de 11.233 megawatts (MW), mas com uma garantia assegurada de geração de 4.571 MW, em média.
O custo total da obra deve ser de R$ 19 bilhões, o que torna o empreendimento o segundo mais custoso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), atrás apenas do trem-bala entre São Paulo e Rio, orçado em R$ 34 bilhões. As obras devem ser finalizadas em 2019, mas a Usina de Belo Monte usina deve começar a operar em fevereiro de 2015.
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