segunda-feira, 31 de maio de 2010

Academia discute divisão do Pará

Por Denilson d'Almeida

É uma disputa entre direita e esquerda. Nesta campanha as alianças partidárias são essenciais, mas, talvez não o mais importante ainda. É oposição todos aqueles que são contra a divisão do Pará defendida pelo deputado federal Giovanni Queiroz (PDT-PA). Desta forma, a maioria dos participantes que assistiram a palestra ‘Divisão do Pará’ realizada na Unama, campus BR, no último dia 24, mostraram-se oposição incluindo o deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) líder da bancada que defende a não divisão do Estado.

O evento despertou a opinião de toda a comunidade acadêmica, sobretudo a de professores do curso de direito que não deixaram a desejar com seus argumentos contra a divisão do Estado. Alguns alunos também defenderam publicamente a sua posição contra a execução do projeto.

A divisão do Pará é discutida há cerca de 20 anos e é o principal projeto defendido por Giovanni Queiroz ao longo de sua carreira política, o parlamentar não descarta a possibilidade de ser governador do Estado do Carajás, os outros dois Estados seria o Pará, que passaria a ser conhecido como “estado mãe”, e o Estado do Tapajós.

O debate começou pelo então proponente do projeto que cria os Estados do Carajás e do Tapajós, o deputado federal Giovanni Queiroz que em sua fala de abertura mostrou não conhecer a realidade do Estado onde mora. “Moramos num Estado que não tem guerras, nem conflitos religiosos, étnicos, nada disso!” disse o deputado no intuito de fazer um discurso apaixonado pelo Pará. Esta fala foi considerada infeliz pelo estudante de publicidade, Robson Ribeiro, que lembrou o conflito pelo uso da terra no sul do Pará. “Já estive em Marabá uma vez, ali predomina a lei do silêncio. Em algumas cidades vizinhas quem manda são fazendeiros, madeireiros. Então, como assim dizer que não existem conflitos no Pará?”, completou o estudante.

No entanto, o que mais incomodou aos que assistiam a palestra foi saber que deputado que há mais de 20 anos quer a criação do Estado de Carajás não é natural do Pará, é mineiro. Fato este que não passou em branco por um professor de direito que na hora do debate perguntou o porquê então não dividir o Estado de Minas Gerais. Na réplica, Giovanni Queiroz disse não admitir que o chamem de forasteiro, pois, segundo ele, o Pará é o Estado no qual decidiu servir.

Para Zenaldo Coutinho os dados estatísticos apresentados por Giovanni Queiroz estão ultrapassados, o PIB paraense mostrado por Giovanni foi o de 2006 e a renda per capita de 2007. Coutinho além de trazer dados mais recentes mostrou um estudo recente feito Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Ipea, que concluiu que é necessário desenvolver vários estudos científicos para se ter noção exata se a divisão do Estado é realmente benéfica. Zenaldo também propôs ao deputado Giovanni que assinasse a emenda proposta por Coutinho que permite o plebiscito para todos os municípios paraenses e não somente aos únicos interessados.

No fim, a oposição se mostrou maior. Apenas os simpatizantes de Queiroz estavam a favor da divisão do Pará. Para a estudante Samille Costa, o deputado não tem argumentos concretos capaz de convencer que a divisão do estuda será benéfica. “Ele não tem argumentos técnicos suficiente, tenta usar um discurso romântico que expressa o sonho dele”, diz Samille.

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